Falar, Ajuda!
- Nicolau Benjamim
- 4 de jul. de 2019
- 1 min de leitura
Dizem...
- Posso perguntar-lhe o que se passa?
- O que se passa no íntimo de cada um, é de cada um.
- Faz às vezes bem falar.
- Argumento arranjado pela bisbilhotice.
- Não diga isso!
- Digo pois. Não há mal que se resolva pelo falar.
- Desengane-se.
- Não estou enganado.
- Está, redondamente.
- Como se mede o arredondo?
- Pelo tamanho da idiotice.
- Está a tomar-me por idiota?
- À sua ideia.
- Que se minha é, por idiota me tem.
- Não creio.
- Explique-se.
- Creio que deva sua pessoa ser um conjunto de ideias que não só esta.
- Não conhece as outras.
- Por isso mesmo. Se não as sei, às suas ideias, não posso tomá-lo a si por idiota,
apenas à ideia.
- Faz bem falar é essa sua ideia?
- É.
- Digo-lhe que não há mal que se resolva pelo falar.
- Desengane-se. Todos os males podem pelo falar ser resolvidos. Mas disto do
falar sabe o Homem muito pouco.
- Nem sei que lhe diga, duvido, mas não discordo.
- Alguma coisa lhe mudou esta nossa conversa.
- Porque o diz?
- Antes diria que não há mal que se resolva pelo falar.
- Verdade que disse, mas a que propósito o foi agora buscar?
- Que agora já não discorda, duvida apenas.
- Que prova isso?
- Que já sabe mais um pouco sobre isto do falar.
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